SOBRE A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL

O Brasil é um país laico.

Estado laico é aquele que não pertence a nenhuma ordem religiosa.

A República Federativa do Brasil não é um país religioso - graças a Deus! -, entretanto, os brasileiros são.

Perdoem-me os utópicos, mas o diálogo inter-religioso dura somente até a página 3.

Existem inúmeras religiões porque existem “n” maneiras de enxergar o mundo. Cada religião tem a sua verdade. Caminhar com aquele que pensa diferente requer muita sabedoria e tolerância. Talvez seja possível andar até o próximo ponto, e, com certeza, o fulano saltará do ônibus criticando, em alguma medida, a religião do outro.

O dialogo entre os pares já é muito difícil, imagine entre os diferentes. 

Nós, professores progressistas, pregamos “paz & amor” entre as religiões, mas descemos o sarrafo nos professores conservadores. Que hipocrisia é essa?

Socialistas e capitalistas fazem parte de duas religiões antagônicas - Estado e capital. Há tolerância entre eles?

A resposta é negativa.

É quase que impossível comungar pensamentos diferentes.

Agora, a tolerância e o respeito são possíveis.

O buraco é mais fundo: a intolerância sempre existirá. Precisamos discutir em torno da tolerância.

Posso não concordar com uma pessoa de religião diferente da minha, mas tenho o dever de tolerar e respeitar a liberdade de pensamento desse religioso.

A intolerância religiosa no Brasil precisa ser discutida?

Sim. Embora, eu prefira discutir a questão da tolerância

Um bom começo para refletir sobre a questão da tolerância é conjugando o verbo “tolerar”.  Muitos não sabem fazer isso porque muitos não suportam a diversidade e o contraditório.

Essa discussão terá algum efeito prático?

Talvez daqui 20 anos tenha. Esforcemos para isso!

Só será possível tolerar a religião alheia, se antes aprendermos a respeitar o próximo, a dignidade da pessoa humana e a liberdade de escolher a religião que preferir. Sim, há diferença entre respeitar a religião alheia e a liberdade de escolher a religião que preferir.

Enquanto briguinhas infantis existirem, como, por exemplo, a briga entre direita e esquerda, o brasileiro continuará sendo intolerante.

É possível tolerar, mas é impossível acabar com a intolerância.

Lembrem-se: o Brasil é laico, os brasileiros não. 

Luís Braga