SÉRIE: NOSSA GENTE: IR EMBORA - Natália Aloíse
Temos
dificuldade em ir embora. Esse ir embora de si mesmo, do sofrer, das coisas que
nos fazem mal, das pessoas que nos levam pra baixo. Apegamos-nos muitas vezes a
circunstâncias que não são as melhores. Mas como saber quando são? Não temos
como saber! Não saberemos se o emprego que paga melhor será o mais
satisfatório, se o novo namorado será mais atencioso, se o carro novo mais
confortável. Está certo que nos adaptamos a tudo nessa nossa vida, mas que raio
de mania é essa de a gente se acomodar ao comum, ao mais confortável? Ou àquilo
que nos faz mal, mas que em algum momento nos preenche o dia? Mas, ah! A gente
se acostuma! É nessa de se acostumar que desprezamos quem nos ama, que somos
desprezados por quem amamos, que estamos em empregos mais ou menos, em
relacionamentos mais ou menos e que vamos criar filhos mais ou menos. Você quer
ter filhos? Eu não! Não por ser egoísta, mas por tentar ser lúcida em um mundo
em que eu ainda não entendo. Meu legado nessa vida eu ainda não sei, talvez nem
queira saber. Mas o que eu quero é o frio na barriga, o abraço apertado, a
mensagem que a gente espera e chega, a aproximação com as almas que simpatizam
com a nossa e ter mais a agradecer do que a pedir! E quero que, nesse meio do
caminho, eu me depare com essas situações tristemente confortáveis, mas que eu
tenha discernimento e saúde pra sair delas e aprender algo com isso! Que eu
possa ser um instrumento de algo maior, um exemplo de que tudo é passageiro.
Não quero me acomodar com o que faz mal, com a vida mais ou menos, me deixe
dormir então!
Imagem da internet.
Natália Aloíse é guaçuana, trabalha como assistente social e desenvolve suas atividades na cidade de Campinas.
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